Ensino Híbrido

43518_dtechdailyonweb

 

 

Introdução

O mundo contemporâneo disponibiliza um conjunto de ferramentas e tecnologias para o macrocosmo da educação. Computadores com acesso a internet, sites, blogs vídeos dos mais diversos formatos e em inúmeras fontes de consulta e também de interação no processo do ensino e da aprendizagem.

Não há mais como retroceder em algumas questões relacionadas ao uso de novas tecnologias em ambientes de aprendizagem. O ensino híbrido, ou blended learning, é uma das realidades da Educação do século XXI, que promove uma integração entre o ensino presencial e propostas de ensino online visando a personalização do ensino.

Nesse sentido e direção nos ajuda a inteligência de Abreu & Machado (2018):

Segundo autores renomados, como Horn, Staker, Bacich, entre outros que discutem o tema do ensino híbrido, esta metodologia pode trazer condições para consolidar conceitos e experiências relativas ao processo de construção do conhecimento. O hibridismo perpassa diversas faces na construção de seu modelo e tende a promover a autonomia e a responsabilidade dos principais autores envolvidos, professores e alunos, no sentido de criar meios para obter resultados significativos no processo de ensino/aprendizagem. (ABREU & MACHADO. 2018 p.2)

A sala de aula tradicional como se conheceu num passado recente já é vista como algo de um passado que até parece mais distante ao longo do passado.  Um novo repertorio já faz parte do cotidiano de professores e alunos, novas reflexões sobre os conteúdos e como esses podem ser acessados e utilizados mais rapidamente e dentro de um novo contexto de experimentações. Modelos rotacionais, centralidade no estudante como foco principal, novas formas de avaliação, cultura escolar e comunitária associadas a gestão são o cerne da análise, das interações e das significativas mudanças que ocorrem nos últimos 5 anos no tocante a novas formas de aprender e ensinar. E no cerne de tudo isso está o ensino hibrido, e portanto muitas indagações surgem, como : O que pode oferecer esse novo modelo? Os agentes envolvidos com os ambientes escolares frente à todas essas inovações, estão preparados? Sabem lidar com essas inovações? Essas e outras inquietações farão parte do discorrer ao longo deste artigo.

Desenvolvimento

Nem tudo que parece novo o é. Quando se trata de ensino hibrido há uma inclinação em crer que essa “nova” forma de ensinar e aprender seja algo da gênese da informática e das telecomunicações. Ensinar e aprender em suas práticas cotidianas sempre misturou um pouco de tudo, até porquê nessa dinâmica é mais que necessário misturar um pouco de tudo com tudo.

O que há na realidade são novos instrumentos e novas interfaces que podem contribuir nos processos de aquisição do conhecimento.

Importante frisar que o que é denominado por ensino hibrido ou Blended Learning é uma abordagem pedagógica que procura conjugar atividades presenciais e atividades realizadas por meio de tecnologias ou mediatizadas por essas.

Não obstante, ser de conhecimento geral que a internet, vídeos, áudios, imagens façam parte dos ambientes de aprendizagem a alguns anos. No que se refere ao ensino hibrido tudo isso não é mais apenas um coadjuvante e vão além, eles se integram para formar um conjunto de ferramentas dentro de metodologias ativas de aprendizagem. Se num passado recente o centro do processo era o professor e o que esse dispunha para ensinar, nesse momento da história alguns eixos norteadores foram modificados e estão ocupando novos lugares e com novos papeis.

No ensino hibrido o foco é ano aluno e como tudo pode orbitar para favorecer uma aprendizagem com um viés colaborativo e ativo. A atuação dos professores e suas metodologias tão serão ativas e agora irá procurar mesclar também colaboração com práticas voltadas para um protagonismo mais eficiente e eficaz por parte dos alunos. Numa contrapartida também colaborativa a gestão escolar irá atuar como elo de ligação apoiando os professores não somente em suas práticas, mas fomentando também a formação continuada dos mesmos, ao mesmo tempo em que mobiliza a comunidade escolar envolta destes processos para que também sejam agentes passivos nesse processo

Nessa direção e sentido nos ajuda as afirmações de Castro et.al (2015)?

O acesso às tecnologias é outro fator preponderante para o a implantação do ensino híbrido. Os alunos e professores precisam familiarizar-se com as tecnologias existentes e desenvolver a capacidade de manipular, interagir e produzir conteúdo dentro do ambiente virtual para que as atividades interativas on line tenham sucesso. Temos consciência de que, embora, muitos alunos tenham familiaridade com as novas tecnologias, é preciso que eles sintam a necessidade de utilizá-las voltada para os ambiente educacional. Os professores, por sua vez, precisam estar atentos ao uso das novas tecnologias, se apropriarem destas ferramentas buscando novas formas de lidar com os conteúdos de suas disciplinas a fim de que estejam mais próximos da realidade de uma geração que já nasceu utilizando as novas tecnologias e de outra bastante resistente ao uso delas. (Castro & Coelho et.al. 2015 p.48).

Com efeito, o ensino que mescla um conjunto variado de possibilidades, e também lança mão de um grande conjunto de ferramentas tecnológicas em seu mister, coaduna com as proposições de pensadores da educação como Carl Rogers e sua aprendizagem significativa. Na mesma direção e sentido as teorias de Vygotsky no tocante a interação social em ambientes de aprendizagem que valorizam e potencializam a colaboração e o aprender mediados pelas experiências.

Importante ressaltar que não basta apenas a tecnologia como aliada nesses novos processes pedagógicos. Reavaliar o papel de cada agente envolvido e também desconstruir velhos paradigmas no que concerne aprender colaborativamente. Um bom exemplo disso é o da sala de aula invertida, em que os envolvidos nos processos dessa prática passam a ter novos protagonistas com novas atuações e resultados diferentes. Mas é preciso esclarecer que tais atuações não significam que haverá substituições.

Como nos ajuda Castro et.al (2015)

Não podemos pensar que as salas de aulas invertidas substituem os professores por computadores. Os professores são essenciais e realizam tarefas muito semelhantes às que faziam nos outros métodos de ensino, tais como auxiliar a aprendizagem dos estudantes, selecionar conteúdos e avaliar o desempenho dos estudantes. A diferença mais importante é que em uma sala de aula invertida as competências do professor são aproveitadas de outras formas, dentro e fora do ambiente escolar. Castro & Coelho et.al. 2015 p.56).

Com efeito, essas novas atuações implicam diretamente também em novas formas de agir da gestão escolar. Pouco eficiente é se toda a dinâmica com implementação e uso que o ensino hibrido possa trazer em termos de inovação, se não existir por parte da gestão uma nova maneira de apoiar e contemplar novas ações, sendo que o um dos fatores mais preponderantes nesse aspecto é o diálogo com todos os envolvidos nesse processo.

Diante de tudo que o ensino hibrido possa trazer de benefício e inovação novas engrenagens se estabelecem para colocar em movimento novas perspectivas de aprender e ensinar.

blended

Por conseguinte, ensinar e aprender na contemporaneidade é agora ofertado com uma gama enorme de novas propostas e possibilidades de uso das tecnologias que permeiam a sociedade. Vencer as dicotomias com o uso de novas tecnologias embarcadas no ensino hibrido (como um bom exemplo os ambientes virtuais de aprendizagem, as salas de colaboração online, Podcast, canais de vídeo e streaming, inteligência artificial, sistemas de avaliação por computador e suas variantes) não são mais terras desconhecidas ou utopias de ficção. Mas é preciso ainda vencer barreiras e amarras deixadas pelo ensino tradicional. Cautela, planejamento e investimentos de diversas ordens são fundamentais para que tudo isso a que se propõe o ensino hibrido não seja apenas mais uma onda. Docentes e alunos precisam ser estimulados a se apropriarem destas tecnologias e destas metodologias e que estas possam ser inseridas. Uma cultura de construção coletiva e colaborativa de conhecimento dentro dos ambientes de aprendizagem seja eles tradicionais ou não.

 

Conclusão

A tecnologia por si somente não tem nenhum poder de modificar o estado da arte da educação. Contudo, se aliada for aos novos propósitos de uma pedagogia voltada para que os processos do ensino e da aprendizagem possam contribuir para que nessa dinâmica de aprender e ensinar efetivadas e ancoradas na colaboração e na vivência de novas experimentações isso já tem se mostrado como uma realidade no ensino hibrido.

Mesclar tecnologia, inovação e novas práticas pedagógicas em que o aluno no cerne de todo o processo, bem como o professor atuante como um mediador, um curador do conhecimento, apoiado por uma gestão também inovadora que fomenta e investe no capital humano tanto do professor quanto dos alunos, e que na mesma direção e sentido estimula o diálogo com todos os agentes envolvidos nesse processo inovador dentro de escolas e ambientes que incentivam um aprendizado colaborativo e que as experiências dos alunos e dos professores aproximem a comunidade com seus problemas e que estes problemas sejam objeto de estudo e analise sobretudo por parte dos alunos é o que se propõe o ensino hibrido. Salas de aula são invertidas, sem deixar que seus atores exerçam seus papeis. Muito mais que utilizar apenas as tecnologias dissociadas de uma realidade escolar, o ensino hibrido harmoniza-se com os novos tempos e as novas demandas para se aprender em um mundo em que tudo muda o tempo todo. Nesse novo mundo em que as tecnologias estão agora ainda mais disponíveis ao alcance de todos e todas, faz-se necessário integrar tudo que há para contribuir para uma aprendizagem significativa que valoriza a interação social mediatizada por toda essa gama de tecnologia.

 

Referências

 Castro. A.E. Coelho.V.Soares.R. Souza.L.K.S.Pequeno.J.O.M.Moreira.J.R.(2015). Ensino Hibrido:Desafio da Contemporaneidade? Periódico Científico Projeção e Docência, 47-58

 

Abreu.Z.H.L.Machado.A.F.(2018). A Educação Hibrida no Ensino Superior: Uma abordagem ao modelo de Ensino Estácio-Brasil. Estação Científica, 1-13